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Desen(terra) - A minha primeira vez

  • Foto do escritor: desenfresca
    desenfresca
  • 25 de abr. de 2022
  • 6 min de leitura

EU AMO lembrar desse texto! Sim, em 04 de dezembro de 2018 publiquei um texto no blog com o título "a minha primeira vez", claramente o título com duplo sentido foi friamente calculado, e na semana que publiquei muitas pessoas acessaram o blog pensando que eu falaria sobre o dia em que perdi minha virgindade. Ri horrores! Curiosos vocês, hein?! Então hoje para o quadro de textos que eu desenterro, trago o "A minha primeira vez". Lembrando que: em vermelho estarão os comentários que faço hoje, em 2022.



Vamos falar sobre primeiras vezes, quem nunca teve primeira vez né? E com isso estão envolvidas um tanto de coisa além do ato finalizado. (gaiata querendo cativar o público para acharem que era outra coisa, amo!)


A primeira vez do dia vai ser sobre a primeira vez que cobri matéria policial, que também foi a primeira vez que vi pessoas mortas. (esse dia foi doido!)


“Mas como assim Giovanna? Nunca foi a algum velório? Já! Mas aqueles ali já estão bonitinhos e não estão roxo e ensanguentado assustadores.


Há algumas semanas eu estava cobrindo um protesto de servidores que estão sem receber há dois meses e tinham ido ao Tribunal de Justiça pedir par que alguma providência fosse tomada. Até aí, tudo tranquilo, acontece que avisaram urgentemente que um policial teria sido baleado em uma troca de tiro com bandidos em uma agência bancária.


Corri para o Hospital Geral com uma equipe para esperar que eles fossem chegando. Quando chegamos lá, o policial já havia chegado e entrado na emergência.

Ao chegar lá, ficamos esperando os outros homens que participaram da ação, os bandidos no caso, e foi bizarro. (foi mesmo, nesse dia, além desse caso policial, um PRF tinha sofrido acidente na estrada, então procurar as informações estavam muito confusas e misturadas, e tinha muita, muita MUITA gente na frente da emergência naquele dia)


Eu sabia que um dia esse dia chegaria, mas não sabia que ia ser naquele dia e que seria tão cedo na profissão, mas foi e foi muito louco. (um neném gente, meu primeiro ano de experiência com o jornalismo, saudades!)

Esta era eu vendo um dos corpos sos


Todo mundo diz que este é um dos testes da profissão, e se depois disso você não quiser desistir, nada mais vai. Estive ansiosa pelo meu teste, mas ao mesmo tempo torcia para que ele não chegasse tão cedo, não sabia como iria ser. (eu amo o que eu faço, hahaha a área policial, é na verdade, bem legal)


Mas vamos aos finalmentes: cheguei ao hospital, um tanto de gente no lugar. Não demorou muito, chegou um carro da polícia que trazia o primeiro capturado.


Momento tenso.


Chegou o primeiro homem, ele estava vivo, mas muito ensanguentado, tinha levado um tiro na perna, gente, eu nunca tinha visto tanto sangue na minha vida, pingava literalmente, e ali já foi um impacto de “eita teve treta”, mas enfim. ("treta" GIOVANNA DO CÉU, o seu conceito de treta era muito diferente KKKKKK)


Ele desceu da viatura sangrando muito, e entrou direto para a emergência. Logo fomos avisados de que a polícia estaria atrás dos outros que teriam fugido em um carro do local.


Demorou um tempo para tudo isso acontecer.


Enquanto isso, eu ia tentando falar com os parentes, policiais e com quem estava ali antes de mim para entender o que tinha acontecido, e passando as informações para a redação para já irem montando a matéria, tudo muito rápido. (eu amo esse desespero de redação, sinto saudades, me contratem para plantões noturnos e finais de semana, por favor)


Foi muito louco cobrir algo que eu não esperava assim, foi uma situação muito complicada e triste.


Eu vi algumas pessoas chegando mortas lá, e foi muito forte e impactante, eu nunca tinha visto algo assim, e tinha muito sangue, furo, e tiro, porrada e bomba.


Acho que tudo que posso falar é que aquele dia foi muito louco, e eu só conseguia pensar: “caramba, caramba, caramba”.


O policial morreu, e quando a notícia chegou, nunca tinha visto tantos homens chorando de uma só vez. (isso foi muito triste, lembro que enquanto ele estava vivo, muitos amigos de trabalho estavam chegando com medicamentos que o hospital não tinha, eles fizeram tudo que podia, foi um momento bem triste mesmo)


Eu fiquei tão triste e me senti tão envolvida com o caso que queria ter ido pro velório e tudo mais, infelizmente não fui, mas sinto como se alguém que me protegesse tivesse falecido, e na verdade foi né, o policial deixa sempre a vida dele à disposição da nossa, é uma profissão muito nobre, pela qual tenho muito respeito, mas não teria coragem nunca. (hm eu não tenho muito a comentar sobre esse parágrafo, mas fiz uma cara estranha por aqui)


Dos caras que estavam lá e participaram do crime, dois morreram e dois chegaram feridos ao hospital. Dos dois vivos, um morreu dias depois.


Cobrir algo assim não foi como eu esperava, eu não sei dizer como foi, ou se foi bom ou ruim, só sei dizer que eu não sei se eu estava pronta, mas acho que sim, acho que até me saí bem. (tava sim garota! Você correu com as informações para a redação e demos o furo naquele dia, emocionante!)


Sobre o jornalismo policial: tenho medo, mas é louco, não sei se eu teria coragem, acho que não. (teria sim, adoraria, na verdade!)


Eu queria dizer que trabalhar com jornalismo é lutar contra as próprias emoções diariamente, e ver injustiças e não poder avançar para combate-las, isso eu falo diretamente do caso dos protestos das esposas dos policiais e bombeiros militares, imigrantes e mais algumas outras pautas, que você vivencia e quer tomar a frente de várias situações, mas você tem que se manter no salto e se tirar, que fique pelo menos com uma sandalinha baixa, porque apesar de tudo, temos que ser profissionais. (eu tenho muito orgulho em escrever aqui que me acho muito profissional, algumas situações exigiram muito isso de mim, e eu respirei e segui o deveria ser feito. Acho isso muito legal em mim, consigo separar bastante as situações e agir pelo espírito profissional!)


É estranho falar como profissional, porque eu ainda sou estudante, mas eu também sou uma profissional, é tão estranho e maravilhoso escrever isso, foi a primeira vez também que eu disse isso. (awn, que legal ler isso, é muito legal mesmo, sim eu me expresso igual uma criança de cinco anos)


Eu queria dizer também que é muito bom trabalhar com jornalismo, todos os dias a gente consegue aprender algo diferente, quebrar a cabeça com algo diferente, e gostar um pouco mais da profissão de forma diferente, eu adoro isso, mas não pensem que meu coração de professora morreu, ele continua vivíssimo. (isso é real, o jornalismo, independentemente de qual segmento você segue, é uma caixinha de surpresas, eu amo a minha profissão! Não quero mais ser professora não, gente!)


A última coisa que eu queria falar aqui, é que é muito legal estar no meio de algo que eu “queria ser quando crescesse”, eu ainda tenho muito para aprender e ainda sou muito foca (ditado interno da profissão hehe). (hoje em dia uma raposinha filhote, amo!)


E não era a última coisa que eu queria falar!


Tem mais uma coisa: Minha primeira vez foi muito louca e finalmente fui batizada, sempre falam que depois de experiências assim se você não desistir, é porque o jornalismo é para você mesmo, então, vamos ver né? (te amo jornalismo, obrigada por todas as experiências que você me proporciona viver e pessoas que conheci em razão da profissão que tenho)



Ai ai ai, eu sou muito bobinha pela minha profissão, faço realmente o que eu amo, e isso torna os dias tão mais simples, o mercado de trabalho às vezes, e geralmente, te suga muito. O dia a dia é corrido, estressante, a vida adulta implica num tanto de coisas e fatores externos aos sonhos e momentos divertidos, então, passar o dia trabalhando em algo que eu realmente gosto e me dedico a fazer é muito legal. Eu sou muito feliz no campo profissional, me sinto realizada, apesar de que ainda tenho muitos, muitos sonhos a alcançar, e espero que o jornalismo me acompanhe em todos eles! Estou muito feliz em revisitar essa história, e esse momento, que foi ímpar na minha carreira. Feliz mesmo!

 
 
 

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