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Eu sou uma pessoa muito pequena para ter tanta raiva

  • Foto do escritor: desenfresca
    desenfresca
  • 26 de out.
  • 4 min de leitura

Eu sou uma pessoa muito pequena para tanta raiva. Quem disse isso foi a Lilo para o Stitch, mas eu me sinto extremamente encaixada nessa frase.


Fazer terapia é muito menos glamuroso do que as redes sociais pintam. É estressante, é angustiante e parece que a cada sexta-feira 17h parece que eu cutuco um enxame de abelhas, e podemos visualizar que não é uma programação muito fácil.


Mas sabe que eu tenho gostado? Tenho até medo de comemorar e falar que gosto da minha psicóloga e acontecer algo ruim de novo, como daquela-vez-que-não-citamos-em-voz-alta.



Já descobri que fui a pessoa que não gostava de incomodar, e não se "indispor", e hoje, aos 27 estou sofrendo com as consequências de ter guardado e internalizado tanto problema. O que a gente faz com tanta raiva acumulada? Eu não sei dizer, mas digo que tem sido um problemão.


Eu explodo, choro, tenho crises de pânico, tiro o óculos, choro, coloco o óculos de novo e volto a escrever.



Tem tanta coisa que eu queria poder refazer, desfazer, e por mais que eu tente muito, muito mesmo, eu não consigo. Eu não consigo voltar 15 anos atrás e sair gritando. Eu não consigo voltar 13 anos atrás e pedir pra fazer terapia para lidar com problemas de adulto antes do tempo, ou pedir para que as pessoas me respeitassem e entendessem que por mais forte que eu parecesse, eu estava desmoronando por dentro.



E aí eu fiz a combinação perfeita para chegar na vida adulta cheia de inseguranças e ansiedade: guardei tudo muito bem, num lugar onde um dia entraria tudo em colapso. Tratei de deixar tudo sob o meu controle, e nas minhas organizações. E deu certo por tanto tempo, até que... colapsou.



Controle, perfeccionismo e uma forte sensação gostosa de estar no comando, misture tudo isso e obtenha uma receita azul para remédios tarja preta. Aos 27 anos achei que nada me afetaria assim, afnal eram problemas da infância e da adolescência, quem dá tanta importância assim? Escrever algumas vezes o número 27 me faz achar mais velho do que ele tem sido. É bastante idade, é muita responsabilidade e ao mesmo tempo parece que eu não sei de nada, e quanto mais eu tento ter controle da situação, menos eu tenho.


Eu ainda não sei respirar direito, ainda não resolvi problema algum e ao contrário do que achei, a vida é muito mais bagunçada do que eu achei que seria nessa idade.



Queria perguntar algumas coisas pro meu avô, mas ele nunca mais apareceu em nenhum sonho para falar comigo, e isso às vezes me deixa angustiada, porque hoje  a única forma que e tenho de me encontrar com ele. Eu realmente queria que ele me dissesse o que fazer em algumas situações, ou que ele soubesse que o Davi é palmeirense...



Tem coisas que eu jamais conseguiria contar pra ele, ele não acreditaria, ele não se perdoaria por nunca ter sabido. Mas ele e eu sabemos que a última pessoa a ter culpa seria ele, mas ele me protegeria de tantos males. Eu sempre toco no nome do meu avô, porque apesar de tudo, eu sentia que ele era meu confidente, e não importava o que eu falasse ou perguntasse, ele sabia me dizer. Então nessas situações em que me sinto muito perdida, eu realmente acho que ele saberia me dizer: o que eu faço com TANTA raiva que eu tenho acumulada? Eu grito? Eu choro? Eu finjo que está tudo bem até ficar? Eu minto? eu não sei lidar...



Eu tenho muito medo de colocar um ser no mundo e não conseguir perceber o que muitas pessoas não perceberam, de não terem piedade e causarem tantos traumas, até eu passar tanta raiva e tanto trauma. Já basta eu, sabe?



Eu venho tentando tratar isso há um tempão, mas me parece que agora um domigo sim e outro não eu tiro uma licença poética para sentir toda a raiva do universo, e ficar com ódio de tudo. Depois de tudo que já me aconteceu nessa vida eu sinto que eu tenho permissão divina pra me sentir assim. Acho que é o mínimo que eu mereço.



Ao mesmo tempo me sinto muito mal, por dar importância, por sentir e principalmente por ser um sentimento tão ruim, e aí eu fico com raiva porque a única pessoa que ainda sofre com tudo isso, sou eu. E eu não acho justo. Eram outras pessoas que deveriam estar se sentindo mal, elas deveriam passar o domingo mal, chorando sentada numa cadeira de plástico se questionando as próprias decisões. Não eu.



Mas aparentemente, segundo a psicologia eu não consigo obrigar as pessoas a se sentirem mal no meu lugar. por mais maldosas que elas sejam. Minha psicóloga disse que por mais que eu ponha energia nisso, não vai acontecer, e a raiva, o rancor e a tristeza vão continuar comigo.



Eu queria que ela, o Davi ou o meu avô resolvessem todas essas coisas pra mim, mas aparentemente eu também não posso terceirizar isso. Na última sexta-feira me dei conta (mentira, foi ela quem me contou), que eu não gosto que algumas pessoas me chamem pelo meu nome, ou por qualquer outro nome que me dirija a palavra.



Eu já me questionei tanto... achava que eu era uma pessoa inteligente, mas eu já me deixei passar por tanta coisa, que novamente, hoje aos 27 me pergunto, como, por quê?



Eu não sei onde chegar com tudo isso, mas minha psicóloga acha que escrever sobre pudesse me ajudar, mas é tão doloroso que eu não sei dizer se depois daqui vai aliviar algo. Eu sinto tanta raiva que chega a doer físicamente, e eu acabo me pegando pensando em sentimentos ruins que eu queria que outras pessoas sentissem. Eu não acho que vingança no mundo resolveria, até porque eu acredito demais em karma, e o que a gente faz, pode até demorar, mas uma hora volta.



Eu fico acreditando nisso, mas se passaram 15 anos, se passaram 7 anos, e nada nunca aconteceu. Só me  parecem estar cada dia melhor.



Não sei, me parece injusto...

 
 
 

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